segunda-feira, 11 de maio de 2009

Enquanto seu lobo não vem



Um homem visto por uma luneta e um visto por olhos nús são diferentes por uma coisa: a possibilidade do toque. O homem da luneta pode estar até mais visível do que o de olhos nús mas não posso tocá-lo e sequer decifrá-lo mais intimamente como sentir seu cheiro, seu calor, sua compleição, sua mania principal. O homem da luneta poderá ser melhor observado nos pequenos detalhes como por exemplo, um cisco em seu paletó mas não vou saber se a sua pele é realmente o que me passa a imagem pois dela não poderei sentir o grau de calor ou frieza exercida pela minha presença, que nesse caso, não vai estar lá.
Como podemos ver, corpos têm eletricidade mesmo quando observados à distância pois a minha imaginação fez com que eu sentisse a necessidade de entender qual o grau que o homem distanciado tinha de calor e emoções.
Ser humano dá o que falar e nós todos temos esses sentidos aguçados, somos movidos por uma força elétrica que nos junta aos outros por natureza. O cheiro de um homem estando ele perfumado ou suado é algo indescritível para cada pessoa. Para uns vai ser bom o cara suado e até sensual enquanto que para outros vai gerar um mal estar. Da mesma forma o perfumado, dependendo do perfume, seria melhor estar suado. Essa máquina que somos, ouvido, nariz, paladar, tato, visão é uma explosão contida dentro de outra máquina: nosso cérebro, o controlador.
Nessa figura de Botero, a gente pode imaginar milhões de imagens dentro dessa dança. A força, o medo, a segurança, o toque, o ritmo, o calor, os cheiros, o tato, o olhar perdido e preocupado, a vontade de ficar para sempre ou parar de vez, o som das respirações, os tecidos das roupas de ambos na pele, a fome e a inapetência, a fuga e a vontade de dormir junto, a vontade de que logo amanheça ou de que só haja a noite, aquela noite, para sempre.
Enquanto seu lobo não vem...


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