terça-feira, 5 de julho de 2011

Quando as coisas mudam...

paul cezzane caveira e livro

Muda o tempo

as cores das roupas

a estrutura da face

as memórias

as formas de gostar

o olhar sobre o outro

os medos

as neuroses

as rugas das mãos

até as tatuagens sofrem modificações

os dentes se aborrecem

os ossos fraquejam

as pernas perdem o norte

a fala economiza palavras

o ouvido seleciona os sons

os cabelos mudam de cor para sempre

o corpo vira mamulengo em variadas mãos

nós ficamos, ficamos, ficamos...

 

ah, o tempo, esse cara abusado

que não sonega impostos

ele paga tudo em dia

 

se pudesse pedir algo

eu pediria

mais um tempo...

2 comentários:

Jorge Willian da Costa Lino disse...

Mônica, o teu belo texto me fez lembrar da bela canção de Milton que dizia mais ou menos assim: "Você me quer forte/e eu não sou forte mais/ (...) você me quer jovem e eu não sou jovem mais/ me cortaram o corpa a faca sem terminar/ me deixando vivo sem sangue a apodrecer /sou um fim da raça(...) que tragédia é essa que cai sobre todos nós." Se vc não a conhece tente encontrar. Mas não sei mais o nome...estou ficando senil rsrsr

Anônimo disse...

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O tempo dói na gente, Mônica... rsrs; não é fácil administrar as mudanças que vem inexoráveis. Um desses dias mesmo vi uma foto antiga minha: "Caramba, cadê esse garoto?" Hoje, às vezes, ao olhar no espelho nem me reconheço, pareço, sei lá, pai de mim mesmo... rsrs.

Creio que o tempo da casca passa mais veloz que o do recheio.
Mas fiquemos atentos, pois os cientistas estão animados em conseguir "curar" o tal do envelhecimento.
Tomara que a gente pegue carona nessa tecnologia.

Fabbio Cortez
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O patinho feio