Muda o tempo
as cores das roupas
a estrutura da face
as memórias
as formas de gostar
o olhar sobre o outro
os medos
as neuroses
as rugas das mãos
até as tatuagens sofrem modificações
os dentes se aborrecem
os ossos fraquejam
as pernas perdem o norte
a fala economiza palavras
o ouvido seleciona os sons
os cabelos mudam de cor para sempre
o corpo vira mamulengo em variadas mãos
nós ficamos, ficamos, ficamos...
ah, o tempo, esse cara abusado
que não sonega impostos
ele paga tudo em dia
se pudesse pedir algo
eu pediria
mais um tempo...
2 comentários:
Mônica, o teu belo texto me fez lembrar da bela canção de Milton que dizia mais ou menos assim: "Você me quer forte/e eu não sou forte mais/ (...) você me quer jovem e eu não sou jovem mais/ me cortaram o corpa a faca sem terminar/ me deixando vivo sem sangue a apodrecer /sou um fim da raça(...) que tragédia é essa que cai sobre todos nós." Se vc não a conhece tente encontrar. Mas não sei mais o nome...estou ficando senil rsrsr
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O tempo dói na gente, Mônica... rsrs; não é fácil administrar as mudanças que vem inexoráveis. Um desses dias mesmo vi uma foto antiga minha: "Caramba, cadê esse garoto?" Hoje, às vezes, ao olhar no espelho nem me reconheço, pareço, sei lá, pai de mim mesmo... rsrs.
Creio que o tempo da casca passa mais veloz que o do recheio.
Mas fiquemos atentos, pois os cientistas estão animados em conseguir "curar" o tal do envelhecimento.
Tomara que a gente pegue carona nessa tecnologia.
Fabbio Cortez
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