terça-feira, 2 de abril de 2019

A folha de bordo ou o outono no verão





Uma erupção. A casca da ferida foi retirada. A pele está exposta, gritando uma dor diferente, uma nova expectativa de cicatrização. A novidade vai surgindo dia a dia. Novas camadas vão nascer e será um futuro seco e hidratado.
A dona de casa estava meio zonza, o café não caiu bem. É necessário um chá, um remédio para retirar essa espécie de fumaça passando em frente aos olhos. A menopausa está castigando essa mulher. Uma outra pessoa está dentro dela, é uma outra vida, não tem sangue, não tem frio, tem calor demais, um verão intenso nas veias, a cabeça não mora no pescoço tão somente, está nas nuvens, cheia de medos e sensações diferentes, como uma nova intenção, uma folha de bordo, jogada ao chão, amarelada pelo tempo do fim. Uma folha de bordo sem poesia e apenas com suas pontas finas e magoadas pelo picos das formigas cortadeiras. Um útero solitário, pensando em como poderia ter sido se fosse...

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