Às vezes, me pego romântica, sem medo de ser feliz, apaixonada pela vida, querendo viajar para Paris, ler poesia, comprar livros de capas floridas...
Por vezes, estou sem saco pra tanta baboseira e me jogo com roupa e tudo na piscina e fico olhando o céu, apoiando as nuvens que andam livres sem ninguém para acompanhá-las, bebo água gelada com gotas de limão e vou para a casa da vizinha, falar futilidades.
Quando cismo que não sou nem uma coisa nem outra, pode acreditar, tem TPM na varanda. Quebro copos, pratos, entorto talheres, grito, lavo roupa em tanque de cimento, chuto a máquina de lavar, eu quero é botar pra quebrar.
Essa atitude factotum é a minha marca registrada. Nunca fui de ficar olhando o tempo passar em vão. Eu tenho que fazer alguma coisa, olhar sem registrar impressões, nem em sonhos. Garanto umas boas performances mentais no final de cada dia. Sou uma digital-person cheia de autoridade para agir em preto e branco e em cores. Os detalhes são delicados. Por exemplo: não vejo um mendigo como um cara sujo, abandonado. Vejo como alguém que esqueceu que poderia dar certo, alguém que perdeu a hora da sua passagem e não embarcou no tempo oportuno. Sei que todos nós somos iguais e não consigo dispor de um mendigo como alguém que não é importante. Para mim, ele é tão importante quanto qualquer engravatado. Olho para os necessitados com olhos de por que? Como alguém nasce para ser menos e não ter quem se compadeça? O que é essa engrenagem humana que passa todos os dias, vê o cara deitado no chão, sem nada e não toma uma atitude para ajudar, mesmo que fosse, uma oração: Meu Deus, salvai os mendigos, dai-lhes um insight, uma oportunidade, um sonho realizável para que amanhã, não haja nada mais aqui nessa calçada a não ser, as marcas de uma alma que modificou meu coração quando me ensinou a orar a Deus, pedindo misericórdia para alguém que não fosse eu mesma.
A minha homenagem a todos os que com "sinceridade" precisam enfrentar as dores das ruas.
A Paz de Cristo em todos nós. Amém!
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