sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Eu não tive infância

infanciaWinslow Homer

Desde cedo aprendi a ter que ser adulta, a não ter medo de fantasmas nem de barulhos outros, era obrigada a ser sentinela em prol dos mais novos.

A minha novela de rádio favorita era o incrível, fantástico, extraordinário. Uns casos de arrepiar os cabelos. Eu penteava de volta e tudo bem.

Passados os anos, penso, se eu pudesse mudar o curso da minha história, será que eu faria diferente? Será que não ter tido um bolo de aniversário aos 15 anos, não ter debutado me faria melhor hoje? Será que se eu tivesse me misturado mais com as outras crianças, teria sido mais festeira? Mais animada? Acho que não. Eu tive a vida desenhada exatamente do jeito que era para ter sido. Hoje, aos 46 anos de idade, tenho dentro de mim, as lembranças de uma infância com mais consciência do outro, das possibilidades verdadeiras, das dificuldades que uma família enfrenta sem que fadas ou duendes apareçam para ajudar. Porém, em todas as minhas andanças, eu nunca perdi a fé e os sonhos de dias melhores. Eu sempre me vi feliz apesar das lágrimas.

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